Amigos,
Quem nunca viu alguém tão preso a corresponder aos desejos de pai, mãe, tio ou educador, ou seja, o grande Outro? Segundo Lacan.
Quem nunca viu um homem “feito” ou mulher “madura” as volta para casa da mamãzinha ou qualquer outro “inha”(o), ao se deparar com um casual problema?
Calma aos inquietos que começam a achar que estou nomeando ruins essas relações, na verdade, a questão escapa ao conceito de boa ou ruim.
O que evoco aqui é um dos conceitos freudianos mais antigos, porém atual, Complexo de Édipo. E o que isso tem a ver? Tem tudo a ver.
É a partir das relações primárias que o sujeito se constitui. Em uma de minhas observações recentes pude perceber um homem que busca incessantemente a mãe em todas as mulheres que se relaciona, e pasmem, essa fala é recorte de um de seus discursos. Em outra observação percebi o quão é difícil lidar com a falicidade, a incompletude, o sujeito tampona toda FALTA, própria da constituição humana, com coisas, pessoas, poder, tudo isso, com o intuito de não sofrer. Como se isso fosse possível.
E então, cadê o tal complexo de Édipo? Pois é, ao buscar ser e oferecer tudo para o filho (simbiose), a mãe, ou função materna, bloqueia a entrada de um terceiro, ou seja, o social, a lei, o limite, a incompletude, a ausência, o desejo por outros que são externos ao contexto familiar.
E aí? Dar-se a sensação que se é tudo, que não se precisa de ninguém, que todos os "alguéns" são objetos (lê-se coisas), a serem usufruídos. E quanto à subjetividade e particularidade dos demais? Mas, o que é isso?! São questões que escapam às vivencias dos seres SUPER de nossa sociedade contemporânea.
O que fazer quando acontece o óbvio? Afinal, a vida é um mix de idas e vindas. Alguns voltam ao “seio” no intuito de completar, de ter o que é seu por direito, ou melhor, a felicidade e satisfação plena. Outros usam defesas e se apropriam de tampões, o importante é estar por cima sempre, sabem a estória do SUPER? Mas, ainda existem aqueles que vão e voltam e não saem do lugar, às vezes se desmoronam, contudo, continuam fixados na crença de que são os melhores, devem acertar sempre, sabem de tudo, os famosos filhos da perfeição. Como tais, correspondem aos que disseram laaaá atrás, “você é especial, você é tudo, ninguém é melhor que você, a vida lhe dará tudo o que quiser, estarei aqui sempre para ajudar”.
Porém, a vida segue seu curso natural, indo e vindo para todos, incondicionalmente.
Provavelmente na constituição de um SUPER, poucos “nãos” foram ditos! A família, na fantasia de adivinhar e realizar desejos, como se isso fosse a missão mais importante de ser mãe e pai, favoreceu uma constituição centrada no eu, pouca intersubjetividade. Enfim, basta olhar para o lado, nas telenovelas, no trabalho, em casa, são muitos exemplos de tal constituição.
Portanto, vale ressaltar: O pior é quando a FALTA, falta. E de acordo com o dito popular: “Não dá para ter tudo”. E não dá mesmo!
Dhiulliana Moura