terça-feira, 20 de maio de 2014

(Rela)cionamento

(Rela)cionamento, "Relar", "Ralar", Atritar. Foi a partir do atrito que o homem descobriu o advento FOGO.
Fogo que molda, desmancha, monta, traz à existência novas formas.
Assim também é o relacionar-se. O outro em muitos momentos é o nosso fogo, nosso moldador. É através de nossas relações que nos conectamos com nossa "matéria bruta" esta que será revelada, reformada, fundida.
É com o atritar das relações que percebemos o fogo transformador, revelador. E quando o calor é demasiado ou não nos dá um distância segura é natural nos afastarmos. Mas se "queimar" faz parte do crescimento. O atrito e suas conseqüências são necessárias para que tenhamos uma estrutura mais maleável e menos cristalizada.

"Esse FOGO é Amor que arde sem ser ver,
É FERIDA, é ATRITO que dói e MUITO se sente,
Mas é um contentamento contente" .

Crescer dói, às vezes queima, mas é necessário.
E que todo atrito=fogo seja revelador.


Dhiulliana Moura
01/15501

segunda-feira, 9 de julho de 2012

Quanto mais tecnológico... menos empáticos?

  Li uma reportagem em uma revista feminina que falava sobre homens que se relacionam “com” programas de computador.

Vou tentar resumir...
A reportagem afirma que no Japão milhares de homens estão apaixonados por garotas que só existem na tela de um jogo eletrônico.
Esses jogos possibilitam a simulação de uma conversa real e por isso atingiram um alto nível de vendas. No ápice desses jogos está o Love Plus lançado em 2009. Os usuários falam no microfone e as namoradas respondem – o software tem milhares de respostas gravadas. É diferente dos jogos antigos, que duravam por um limitado tempo, Love Plus atua continuamente em tempo real.
Essa febre no Japão logo terá uma versão em inglês.
Os usuários levam as namoradas pra jantar, pra viajar, eles brigam, a garota exige reciprocidade em seus contatos, envios de emails etc.
Imaginemos a cena: Um feliz casal conversa e então sai para dar uma volta no parque, para ele um encontro perfeito. Outros, no entanto, veem algo além dessa cena, mais um homem de vinte e poucos anos, sozinho no final de semana, perdido em seu próprio mundo, com mãos e olhos colados num Nitendo DS.
Um dos jovens da reportagem afirma, “ela é muito bonita e especial, não gosto de atrasar para os encontros e se isso acontece ela fica triste e não quero isso, quero agradá-la. Outros homens talvez não gostassem do jeito grudento dela, mas eu adoro, é como se ela não vivesse sem mim”.
Esse tema pode está intrinsecamente ligado às relações atuais.
O maior consumidor são os homens, o que pode denunciar uma tendência cada vez maior da dificuldade de vinculação e interação masculina.
Comparadas às relações reais as virtuais talvez sejam mais “fáceis de dar certo”, porque demandam menos implicação e “condutas sentimentais” passivas a erros e desilusões. É também cada vez mais desafiador para alguns homens se relacionarem “na real” devido à demanda de afetividade e empatia feminina.
Para que aconteça uma relação real é preciso tempo, dedicação e conexão de sentimentos.
Será que nossos jovens e adultos atuais estão cada vez menos preparados para arriscarem-se em vínculos?
Não podemos generalizar...
Essa corrente está forte entre os homens japoneses, mas será se aqui dentre nós “seres brasileiros” a quantidade de relações virtuais não tem crescido?
Quantas horas os jovens se dedicam às salas de bate-papo, às relações virtuais? Qual o fluxo de trocas pessoais há em detrimento às virtuais? Se conversa mais em almoços, jantares, cafezinhos ou no face, msn?
A ideia não é condenar essas práticas, mas o que está ocorrendo no Japão nos traz uma nuance no mínimo, peculiar e que precisa ser observada.
Será isso é o espelho da inabilidade em lidar com frustrações, desencantos, dissabores e acima de tudo, se reconhecer falhos (algo não aplicado a esses programas)?
Quanto mais tecnológico ficamos menos empáticos nos tornamos?
Você leitor deve está se perguntando, como saber de tudo isso? Enfim, não temos as respostas, mas observar e refletir sobre o que ocorre em volta já é um ótimo começo.
Dhiulliana dos Santos Moura
Psicóloga Clínica - CRP 01/15501
Abraços e obrigada pela apreciação!

                                                                                                         


terça-feira, 31 de janeiro de 2012

Psicologia, responsabilidade social.

    Aprendi com alguns mestres que a psicologia vai além da clínica, que ela é importante, porém, é muito mais abrangente.
    Geison Isidro questionava, o que há por trás de cada comercial? o que querem vender? Cintia Ciarallo, afirmava que o olhar de um psicólogo para a mídia deve ser crítico.
    Enfim, vi o novo comercial da Sundown no qual fomenta que nossas crianças e jovens estão ficando muito tempo na frente do vídeo game e computador e reitera que participem de atividades "além quarto" ou net, not, "Ip"....
    Sabemos que a venda do produto é catalisada por atividades ao ar livre, no entanto, é preciso que nós profissionais e afins observemos esse "certo isolamento". No que isso pode resultar?


Dhiulliana dos Santos Moura

quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

Estamos a gostar do silêncio e isolamento de nossas crianças...

                                                  ALERTA
 

                   Estamos a gostar do silêncio e isolamento de nossas crianças...

Quero compartilhar uma inquietação surgida há algum tempo numa reunião familiar.
Outro dia minha prima e eu no meio de um jantar para poucos, paramos e ambas observamos a mesma coisa, todos os adolescentes e crianças que ali estavam brincavam ou se conectavam a uma tecnologia diferente.
Percebendo alguns casos em que a garotada tão "quieta", "silenciosa" que tanto gosta de ficar no computador e às vezes nem parece que ali está, mas que pega uma arma vai para o colégio e atira na professora e nos colegas. E observando também o NOSSO recorte mostrado no novo comercial de uma empresa de telefonia, na qual o garoto vai passar um fim de semana com o amigo e ao final reclama que sua estadia não foi tão boa porque a internet lá não é tão rápida ( antes a meninada jogava bola, pulava, fazia guerra de travesseiro e esperava os pais dormirem pra conversarem até mais tarde). E agora?
Enfim, estamos a gostar do silêncio e isolamento de nossas crianças, o seu entretenimento nos permite fazer algo mais que não "dar atenção". E o que dizer das relações cada vez mais frágeis, solúveis e de "acabamento" precoce?
Nas reuniões familiares é cada vez mais raro enxergar o corre corre da criançada. Afinal, é cada um no seu" quadrado", OPZ! no seu Tablet, seu iPad, iPod, jogos no celular....
E aí, o que fazer para não doer tanto quando eles se manifestarem, quando sairem e imitarem sua "vida virtual"?
Dhiulliana Moura

terça-feira, 27 de dezembro de 2011

Toc Toc... Quem bate? É o ano novo e todos os seus desejos!

O que dizer do ano que acaba? De suas promessas? Ou melhor, de nossas promessas/desejos? Enfim, estamos na última semana do ano...
O que a psicanálise tem a dizer do que desejamos e não realizamos?  Do que realizamos e nem desejamos? Queremos realmente o que desejamos?  Com os estudos psicanalíticos desse ano percebi que muitas das promessas ficam só nas promessas... e por que?  Em suma porque  é bastante comum não se querer o que se deseja. A nós analistas isso nos serve como ferramenta para diagnosticar...
Exemplificando: os obsessivos os quais seriam aqueles que só querem o que não desejam, pois assim não arriscam perder o que lhes é mais precioso, ou mais seguro... e os que perpassam na histeria se colocam como eternos insatisfeitos com o que obtêm, e portanto, desejam sempre outra coisa.
Querer o que se deseja implica o risco da aposta – toda decisão é arriscada – e a coragem de expor sua preferência, mesmo que esta venha dizer de algo ridículo, vale o risco.
Então, colegas, amigos e companheiros analistas, no Ano novo,  a pretensão de uma promessa analítica, seria  suportar querer o que se deseja e não temer a surpresa do próprio Ano novo...do novo... do imprevisível... do incontrolável.
                  A porta está aberta e que venham os desejos!!!!        


Dhiulliana dos Santos Moura

segunda-feira, 12 de setembro de 2011

Há vida após a PERDA?

Você já teve sua fragilidade denunciada? Já viveu uma dor maior que você em tamanho e proporção?
Caro leitor(a), sempre que se perde um ente querido seja pela via concreta (morte) ou subjetiva, (término, desaprovação, desvalorização, depreciação, mentiras cotidianas), instaura-se um vazio, um nada, a morte.
Num cenário de certezas e ilusões... depois... Dar-se o pânico de perder outras coisas... trabalho, casa, filhos e muitas vezes o pânico de ter sua própria vida subtraída concretamente e aqui seria MEDO ou DESEJO? ou MEDO de perceber o DESEJO pela própria morte?
Sigmund Freud, em seu trabalho Luto e Melancolia de 1917, considera quão importante é perceber que no luto a pessoa perde seu desejo pelo mundo exterior, perde a capacidade de adotar um novo objeto de amor, ou seja, substituir o perdido, o sentimento de rejeição esmaga o desejo de ir em frente.
Ao desaparecer, a outra pessoa aflora o sentimento de incapacidade de continuar amando e o fluxo do amor ameaça tornar-se ódio e ressentimento. Isso porque no plano infantil, a ausência do outro se transforma em rejeição diante da qual se reage...odiando.
É necessário viver essa perda, até que ela seja superada, deixar passar o passado e poder voltar a sonhar, estes são critérios Freudianos de saúde mental.
Literalmente ou Metaforicamente... é necessário fazer o “funeral”, é preciso ver o “morto”, passar adiante, virar a página, evoluir de fase.
Mas, como fazer isso?
A análise ajuda, falar ajuda, se ouvir ajuda...
Segundo Freud, a análise a partir da transferência oferece ao “enlutado”a possibilidade de viver, de sentir a dor da perda. É no setting terapêutico, que a pessoa irá desvelar questões, inquietar-se com pontuações, aprofundar-se no sentir e perceber que pode ressignificar, sonhar novamente e amar novos objetos.
Elaborar a dor da perda, em certo sentido, é superá-la após um tempo (e cada pessoa tem o seu), é interessar-se de novo por pessoas e lugares, novos rostos; é PERMITIR um renascimento de objeto, da libido que se dirige ao mundo.
Leitor(a), caso tenha interesse, posso sugerir alguns filmes que tratam dessa questão.
Um abraço.
Dhiulliana Moura
CRP 01/15501

sexta-feira, 5 de agosto de 2011

A mulher pós-moderna e suas relações

Durante os muitos anos do mundo anterior, a expressão feminina se dava pela aceitação ou contestação da palavra masculina, geralmente a do marido. Hoje é diferente, não se trata nem de uma coisa, nem de outra, e, sim de escolher o que quer para si.  A revolução feminina é simultânea à passagem do mundo moderno ao pós; do mundo industrial ao globalizado. O mundo moderno era vertical, padronizado; o mundo pós-moderno é horizontal, em rede. A mulher parece ligada a tudo, está a mil por hora, conectada aos quatro cantos do mundo.
Antes se lutava por oportunidade, contudo,  hoje a mulher possui inúmeras. Há mais mulher no poder... isto é notícia diária, nas finanças sua contribuição é maior, nas funções se igualam aos homens, têm filhos aos 40, aos 50 anos. A mulher tomou, de fato, a responsabilidade pra si e em alguns casos tem eliminado a participação de qualquer outro. A mulher tende cada vez mais a absorver atividades e rotinas árduas sem dividir.
Mesmo que, de forma lenta e sutil o homem parece ter entendido essa mudança de paradigma:  A mulher conquistou seu espaço no mundo e isso não se configura em problema, porém, a mulher está adoecendo com TAMANHA aceitação masculina. Quantas delas chegam à clínica com essa demanda: - Não agüento mais, ele não decide nada, não troca uma fralda, não sabe fazer mamadeira, se nosso filho não está bem na escola ele não se preocupa, eu é que monto o cronograma da viagem, ele tinha que ganhar melhor que eu, sou eu quem organizo e pago as contas, eu faço as compras, meu marido é um banana, quero que ele decida mais, que ele diga alguma coisa...
Caros leitores e leitoras, a mulher conquistou opções de escolha, mas, na clínica o que se percebe é que essa mulher globalizada sofre, clama e reclama por estar levando o mundo nas costas.
Porém, fica a inquietação, a participação do marido, namorado, ou seja, o homem realmente pôde tomar qualquer uma dessas posições reclamadas hoje? Ou teve que aquietar-se na certeza de que sua mulher as conduzia melhor? A mulher em sua onipotência (conquistada ao longo de décadas) se deixou ser ajudada, cuidada? Nas relações existem trocas, compartilhamento, abertura?
Enfim, será que a mulher sofre de um mal fruto de sua história de luta e batalha por reconhecimento? É possível que a mulher esteja confundindo a aceitação de seu companheiro com passividade? Será que essa postura forte e onipotente, que tantas possuem, está dificultando as relações amorosas? Diante de todas as conquistas será que se deixou a sensibilidade de compartilhar, de pedir ajuda ou até mesmo de reconhecer a importância que o outro possui sem que isso se conote em menos valia?
Sabe-se que cada caso é um caso, mas, é preciso refletir. Como mediar à conquista de toda uma vida com esses desencontros nos relacionamentos? É possível que a mulher se posicione, mas,  também seja amante, cúmplice e carinhosa?
Abraços.
Dhiulliana Moura
CRP 01/15501