Li uma
reportagem em uma revista feminina que falava sobre homens que se relacionam “com”
programas de computador.
Vou tentar resumir...
A reportagem
afirma que no Japão milhares de homens estão apaixonados por garotas que só
existem na tela de um jogo eletrônico.
Esses jogos possibilitam
a simulação de uma conversa real e por isso atingiram um alto nível de vendas. No
ápice desses jogos está o Love Plus lançado em 2009. Os usuários falam no
microfone e as namoradas respondem – o software tem milhares de respostas
gravadas. É diferente dos jogos antigos, que duravam por um limitado tempo,
Love Plus atua continuamente em tempo real.
Essa febre no Japão logo terá uma
versão em inglês.
Os usuários levam
as namoradas pra jantar, pra viajar, eles brigam, a garota exige reciprocidade
em seus contatos, envios de emails etc.
Imaginemos a
cena: Um feliz casal conversa e então sai para dar uma volta no parque, para
ele um encontro perfeito. Outros, no entanto, veem algo além dessa cena, mais
um homem de vinte e poucos anos, sozinho no final de semana, perdido em seu
próprio mundo, com mãos e olhos colados num Nitendo DS.
Um dos jovens
da reportagem afirma, “ela é muito bonita e especial, não gosto de atrasar para
os encontros e se isso acontece ela fica triste e não quero isso, quero
agradá-la. Outros homens talvez não gostassem do jeito grudento dela, mas eu
adoro, é como se ela não vivesse sem mim”.
Esse tema pode
está intrinsecamente ligado às relações atuais.
O maior
consumidor são os homens, o que pode denunciar uma tendência cada vez maior da
dificuldade de vinculação e interação masculina.
Comparadas às
relações reais as virtuais talvez sejam mais “fáceis de dar certo”, porque
demandam menos implicação e “condutas sentimentais” passivas a erros e desilusões.
É também cada vez mais desafiador para alguns homens se relacionarem “na real” devido
à demanda de afetividade e empatia feminina.
Para que
aconteça uma relação real é preciso tempo, dedicação e conexão de sentimentos.
Será que
nossos jovens e adultos atuais estão cada vez menos preparados para arriscarem-se
em vínculos?
Não podemos
generalizar...
Essa corrente
está forte entre os homens japoneses, mas será se aqui dentre nós “seres
brasileiros” a quantidade de relações virtuais não tem crescido?
Quantas horas
os jovens se dedicam às salas de bate-papo, às relações virtuais? Qual o fluxo
de trocas pessoais há em detrimento às virtuais? Se conversa mais em almoços,
jantares, cafezinhos ou no face, msn?
A ideia não é
condenar essas práticas, mas o que está ocorrendo no Japão nos traz uma nuance no
mínimo, peculiar e que precisa ser observada.
Será isso é o
espelho da inabilidade em lidar com frustrações, desencantos, dissabores e
acima de tudo, se reconhecer falhos (algo não aplicado a esses programas)?
Quanto mais tecnológico
ficamos menos empáticos nos tornamos?
Você leitor
deve está se perguntando, como saber de tudo isso? Enfim, não temos as
respostas, mas observar e refletir sobre o que ocorre em volta já é um ótimo
começo.
Psicóloga Clínica - CRP 01/15501
Abraços e
obrigada pela apreciação!