quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Por que temos tantos desejos?

Amigos leitores,
O último texto de Ranúzia me deixou uma inquietação.
Paremos e pensemos juntos. Há algo ou alguém no mundo que nos responda integralmente?
Ou mesmo, este algo(s) ou alguém(s) de fato deve responder?
Possuímos vários pares de sapato, acessórios diversos, o melhor som de carro, iPod, iPad, enfim, temos um tanto de tudo. Mas então, por que ao passarmos em frente a uma loja paralisamos, desejamos e na maioria das vezes compramos um item praticamente igual àquele já possuído e (DES)necessário?
E não sei você leitor(a), mas,  de acordo com relatos, na maioria das vezes, ao adquirir esses bens, reina a felicidade, a alegria, a sensação de bem-star, porém, passageiros, rápidos como pólvora.
Pronto, uma vez instalada a formiguinha da inquietação, não sosseguei até encontrar algo que possibilitasse uma reflexão.
Segundo a psicanálise, o ser humano é insatisfeito por natureza e por quê?
Por que não há nada no mundo que consiga responder integralmente ao que se deseja.
Há sempre uma diferença entre querer e desejar, querer responde a uma necessidade, é algo que todo mundo compreende. Quero água, quero dormir, quero comer, ou seja, preciso para meu equilíbrio físico-global. E quanto ao desejo, este é algo particular, singular, cada um tem o seu(s).
Por fim, uma “luz” me surgiu, desejar pode ser a base da criação ou a base do sofrimento. Da criação ao pensarmos em movimento, em produção.
Mas e o sofrimento? Este pode vir da frustração, do apego, do querer reinventar compulsivamente a sensação do breve (ops! pólvora) momento de felicidade e bem-estar.
Será que a depressão, pandemia de nossa atualidade, tem algo a ver com essa dinâmica?

Dhiulliana Moura
CRP 01/15501

sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

Vamos brincar?


Brincar é coisa séria! Assim acreditam diversos estudiosos da psicologia infantil. Melanie Klein, uma psicanalista austríaca que desenvolveu seu trabalho no início do século XX com crianças, foi uma das primeiras profissionais a realizar importantes descobertas acerca do funcionamento mental dos pequenos.
A experiência clínica de Klein revelou que a vida mental e emocional das crianças pequenas não é facilmente observada através dos arranjos de palavras e frases, como acontece com os adultos. Ou seja, os pequenos não têm ainda maturidade e nem manejo suficiente da linguagem para falar sobre seus medos ou vontades. É no mundo interior das crianças que estes receios e anseios têm lugar e é justamente por isso que o “brincar” se torna tão importante para o desenvolvimento infantil. Brincar é a maneira que os pequerruchos têm de organizar seu próprio universo, entender o mundo e apreender como as coisas acontecem dentro e fora de si.
Mas, você já percebeu como o “brincar” está cada vez mais difícil de ser ver nos dias de hoje? Desde cedo é preciso que os meninos e meninas estejam preparados para as exigências do mundo moderno: fazer um esporte, aprender informática, dar os primeiros arranhões no inglês ou espanhol. Tudo isso é também importante, mas brincar tem sido relegado a segundo plano.
Acredito que os pais devam pensar sobre esta questão e (re)aprender a brincar com seus filhos. Muitos papais e mamães dizem não ter tempo bastante para entreter-se com as crianças e podem até achar que se sujar com tinta guache, brincar de boneca ou montar um quebra-cabeça seja muito inadequado para um adulto. Mas acabam não se dando conta de que estas são atividades de extrema importância para uma criança e que a presença de um adulto nestes jogos torna-se elemento essencial para seu desenvolvimento social, psicológico e afetivo, além de ser extremamente saudável para a formação da personalidade da criança. E mais! Brincar com os pequenos também pode ser muito bom para os adultos: estimula a criatividade, alivia o estresse e reduz a ansiedade.

Então, vamos brincar?












 
Samantha Rodrigues

sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

Freud, Carl Rogers e o Zeitgeist

Queridos leitores e amigos, deixem sempre algum comentário para saber em que podemos melhorar!



 Gente, psicólogo, filósofo, antropólogo, historiador, sociólogo e teólogo amam fazer uma reflexão sobre o que vêm, ouvem e sentem. Pois é, e não podia ser diferente. Nos dias passados na América do Norte, ficamos a pensar que bicho estranho morde a cada um de nós, e me desculpem as exceções, que nos faz querer descontrolodamente ir aos parques da Disney, comprar varinha do Harry Potter, assistir quase que extasiados ao repetido desfile do Magic Kingdom, ir aos outlets, consumir e consumir de tudo que vem da China, Indonésia, Malásia. Explicaram-me que as grandes marcas dão a receita das confecções, sapatos, bolsas e acessórios, mas a mão de obra é...”escrava”. Psiu! Cuidado! Não digam que fui eu quem falou isso.

Essa reflexão não é nova, tem gente que já pensou, já falou e disse sobre tudo isso e mais um pouco. Freud, entre muitas outras coisas, disse que vivemos movidos pelo princípio do prazer e Carl Rogers disse que queremos sempre nos atualizar. Mas alguém perguntaria que tipo de prazer e  tendência ao desenvolvimento que leva  a desejarmos coisas em excesso e  tão efêmeras (ou não)?

Enquanto estávamos numa praça de alimentação, que poderia ser em qualquer shopping  do mundo, observávamos a nossa “alteridade” ou humanidade – adultos e crianças; pais e filhos -  fazendo escândalo porque “queria e queria” comprar determinados brinquedos, eletrônicos, perfumes ou roupas nas lojas de marcas famosas. E nos surpreendemos com a desculpa da “oportunidade” para comprarmos mais e mais bugigangas, apesar de alguns de nós termos nos programado para não comprar! Esquecíamos consciente ou inconscientemente que determinados produtos sairiam mais caros do que se fossem comprados no Brasil, por causa das taxas, excesso de cota, passagem de avião, hospedagem.

 Zeitgeist é um termo alemão e significa espírito da época ou espírito do tempo e até sinal dos tempos. Dito de outra forma, seria o clima intelectual mais o clima cultural  do mundo, numa determinada época. Uma dica: se quiser saber mais sobre o assunto, você pode pesquisar o termo no google.

Bem, feitos os devidos esclarecimentos sobre o termo, a questão é que o zeitgeist de nossa época - consumo desenfreado e globalização - têm criado um novo perfil psicológico que reflete nos relacionamentos um tipo de amor chamado de “amor líquido”, expressão do Zygmunt Bauman.

Esse será um dos nossos próximos temas. Aguarde!


Fique com uma foto da fila para adquirir a varinha do Harry Potter! Nada contra os aficionados por Harry Potter. Eu também tenho as minhas fixações e apreciações!


Ranúzia

segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

A FALTA necessária!

Amigos,
Quem nunca viu alguém tão preso a corresponder aos desejos de pai, mãe, tio ou educador, ou seja, o grande Outro? Segundo Lacan.
Quem nunca viu um homem “feito” ou mulher “madura” as volta para casa da mamãzinha ou qualquer outro “inha”(o), ao se deparar com um casual problema?
Calma aos inquietos que começam a achar que estou nomeando ruins essas relações, na verdade, a questão escapa ao conceito de boa ou ruim.
O que evoco aqui é um dos conceitos freudianos mais antigos, porém atual, Complexo de Édipo. E o que isso tem a ver? Tem tudo a ver.
É a partir das relações primárias que o sujeito se constitui. Em uma de minhas observações recentes pude perceber um homem que busca incessantemente a mãe em todas as mulheres que se relaciona, e pasmem, essa fala é recorte de um de seus discursos. Em outra observação percebi o quão é difícil lidar com a falicidade, a incompletude, o sujeito tampona toda FALTA, própria da constituição humana, com coisas, pessoas, poder, tudo isso, com o intuito de não sofrer. Como se isso fosse possível.
E então, cadê o tal complexo de Édipo? Pois é, ao buscar ser e oferecer tudo para o filho (simbiose), a mãe, ou função materna, bloqueia a entrada de um terceiro, ou seja, o social, a lei, o limite, a incompletude, a ausência, o desejo por outros que são externos ao contexto familiar.
E aí? Dar-se a sensação que se é tudo, que não se precisa de ninguém, que todos os "alguéns" são objetos (lê-se coisas), a serem usufruídos. E quanto à subjetividade e particularidade dos demais? Mas, o que é isso?! São questões que escapam às vivencias dos seres SUPER de nossa sociedade contemporânea.
O que fazer quando acontece o óbvio? Afinal, a vida é um mix de idas e vindas. Alguns voltam ao “seio” no intuito de completar, de ter o que é seu por direito, ou melhor, a felicidade e satisfação plena. Outros usam defesas e se apropriam de tampões, o importante é estar por cima sempre, sabem a estória do SUPER? Mas, ainda existem aqueles que vão e voltam e não saem do lugar, às vezes se desmoronam, contudo, continuam fixados na crença de que são os melhores, devem acertar sempre, sabem de tudo, os famosos filhos da perfeição. Como tais, correspondem aos que disseram laaaá atrás, “você é especial, você é tudo, ninguém é melhor que você, a vida lhe dará tudo o que quiser, estarei aqui sempre para ajudar”.
Porém, a vida segue seu curso natural, indo e vindo para todos, incondicionalmente.
Provavelmente na constituição de um SUPER, poucos “nãos” foram ditos! A família, na fantasia de adivinhar e realizar desejos, como se isso fosse a missão mais importante de ser mãe e pai, favoreceu uma constituição centrada no eu, pouca intersubjetividade. Enfim, basta olhar para o lado, nas telenovelas, no trabalho, em casa, são muitos exemplos de tal constituição.
Portanto, vale ressaltar: O pior é quando a FALTA, falta. E de acordo com o dito popular: “Não dá para ter tudo”. E não dá mesmo!

Dhiulliana Moura